quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Gato abandonado 'chora' em hospital







Amigas fazem ensaio para incentivar adoção em Teresina

Proprietários abandonam animais alegando que não podem pagar pelo tratamento. Diretor alerta que a prática é crime e pode render multa ou prisão.

por G1 Piauí(*).

Gato foi flagrado "chorando" no Hospital Veterinário (Foto: Divulgação/Talita Duarte)


As lágrimas do gato Rajado comoveram internautas depois que teve sua foto compartilhada "chorando" no Hospital Veterinário Universitário (HVU), localizado no campus senador Petrônio Portela da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Teresina. O local enfrenta um problema que, além de crime, é um ato de descaso e desprezo aos animais. Muitos cães e gatos, como Rajado, ficam abandonados, sem lar, após se recuperarem porque os donos não voltam para buscá-los.


Além de Rajado, a história de Mimi, uma gatinha que nasceu cega dos dois olhos, teve um capítulo triste quando passou meses dentro de um gradeado à espera de alguém que lhe desse um lar. Isso mudou quando a jornalista Raquel Lopes e a amiga Thalita Duarte visitaram o Hospital Veterinário e se comoveram com a tristeza dos animais. Elas então resolveram fazer um ensaio com os bichos para tentar encontrar um lar para eles.

Gatinha Mimi nasceu cega dos dois olhos (Foto: Divulgação/Thalita Duarte)

"Minha amiga estava com a gatinha dela, a Bia, internada lá no HVU e ficou preocupada com a situação dos animais abandonados. Então, tivemos a ideia de divulgar nas redes sociais com o objetivo de conseguir adoção para eles", contou Raquel ao G1.


Após uma conversa, Raquel e Thalita decidiram reunir amigas em uma corrente do bem para encontrar novos lares para os animais abandonados no HVU. Elas foram ao local tirar fotos no intuito de mostrar a beleza em cada olhar e despertar o interesse de possíveis novos donos.

Durante o ensaio, uma imagem chamou a atenção de Raquel: o gatinho Rajado, também abandonado, aparece com lágrimas nos olhos. Uma representação da tristeza vivida diariamente por animais que perderam o conforto e a liberdade, deixados por quem devia fornecer cuidado e carinho.


"O post do Rajado teve mais de 150 compartilhamentos diretos. Por isso a gente bate muito nessa tecla da importância dos compartilhamentos. Se a pessoa que viu o post não tiver interesse em adotar mas compartilhar, outra pessoa pode ver e querer", destacou Raquel.


De acordo com Marcelo Campos, diretor em exercício do hospital, os cães são os animais mais rejeitados e o motivo mais alegado pelos tutores é o custo do tratamento, embora a administração esteja aberta a negociar.

“A questão do abandono é séria, é crime previsto por lei e no código civil, principalmente quando há um abandono em repartição pública, que é mais agravante. Isso pode resultar em multas e prisão e a população precisa estar informada”, disse.

O crime e as consequências

Quando é feito o internamento do animal os dados do proprietário são coletados e mesmo que o telefones ou endereço sejam dados erroneamente, o Cadastro de Pessoa Física (CPF) do dono fica registrado. Após a alta, o proprietário tem um prazo para buscar seu animal e quitar a dívida.


O diretor explicou ainda que o crime de abandono de animal está previsto em Lei e CPF do devedor vai para a dívida ativa da União.


“Caso o resgate e o pagamento não aconteça no prazo, encaminhamos o caso para a Fazenda e fazemos um boletim de ocorrência na Polícia Civil. O nome da pessoa é encaminhado para a dívida ativa da União, onde a pessoa fica impossibilitada de vários benefícios como concursos, empréstimos enquanto não quitar a dívida. Estamos estudando a possibilidade de tratar desses casos com a Polícia Federal, já que essa é uma instituição federal. Abandono de animal é crime”, pontuou.

🐈Adoção
Animais abandonados esperam por um novo lar (Foto: Divulgação/Thalita Duarte)


A partir do momento que o animal é abandonado pelo proprietário, ele é encaminhado para a castração e fica disponível para adoção. Marcelo explicou que não há muita burocracia e, caso haja como doar algum valor para ajudar nas despesas do hospital, a contribuição é bem-vinda.


“Não há necessidade, por enquanto, de nenhuma documentação. É só vir conversar com a direção e ter o interesse de resgatar o animal. Se puder dar uma certa contribuição em relação à dívida também é interessante”, finalizou.
Após meses, Mimi finalmente deixou o hospital (Foto: Divulgação/Raquel Lopes)


Embora muitos animais ainda precisem de um lar, algumas histórias já têm um final feliz. Após a campanha, a gatinha Mimi ganhou uma nova família. "Fiquei sabendo da situação da Mimi através da Raquel e fiquei comovida pelo fato da gatinha ser cega, já que tenho outros animais que também são cegos. Adotar a Mimi é um desafio porque um animal cego tem muitas limitações, mas os gatos são muito independentes. Ela está se dando super bem e eu estou muito feliz por dar pra ela uma nova oportunidade", garante Otilina Duailib, técnica em enfermagem que adotou Mimi.



Fonte: g1.globo.com/pi/piaui/

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