domingo, 28 de janeiro de 2018

Gato Preto - História da Superstição





...E porque, ao contrário, eles realmente dão sorte?


por Redação do greenme.com.br.





Nota do Gato Legal: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32). Crer em superstições não é algo racional. Para os "evolucionistas" não é racional que um animal seja portador de "má sorte" já que um evolucionista crê que tudo na natureza começou "espontaneamente" e desta forma não seria inteligente que uns animais fossem portadores de má sorte e outros não. Para os criacionistas, os crentes em Deus, não é igualmente racional acreditar que o criador de todas as coisas, imporia má sorte para alguns animais e "boa sorte" para outros. Portanto para evolucionistas e criacionistas Só Verdade liberta mesmo



O gato preto é um dos gatos mais elegantes do mundo, mas muitas vezes é vítima de superstições e lendas que às vezes acabam prejudicando suas vidas. Vamos descobrir algo mais sobre este belo animal e, acima de tudo, por que ele, ao contrário do que dizem, não traz má sorte!


O gato preto é um felino muito terno e com um bom caráter, mas muitas pessoas continuam a acreditar que ter um em casa ou ver um que atravessa a rua, traz infortúnio e má sorte. As superstições relacionadas ao gato preto são muitas, mas antes de lhes contar, descobrimos algo mais sobre esse animal.

🐈Aparência e tamanho

O gato preto, como diz o nome, é caracterizado por ter um pelo preto, embora às vezes algumas áreas do corpo podem ser castanho escuro ou castanho avermelhado. Essas sombras, geralmente mais visíveis no abdômen, são mais evidentes sob a luz solar.

Igualmente fascinantes são os olhos que geralmente são amarelos ou de uma cor muito semelhante ao âmbar, isso é devido à alta concentração de pigmento de melanina.



🐈Temperamento

Ao contrário do que se costuma acreditar, o gato preto tem um bom caráter: educado, leal e, acima de tudo, muito disposto a socializar. No entanto, sua natureza é a de um espírito livre, então ele pode simplesmente adorar vagar sozinho e ficar por horas em contato com a natureza.

De acordo com alguns especialistas em comportamento felino, existem algumas diferenças entre o gato preto feminino e masculino. As fêmeas seriam mais irascíveis, enquanto os machos seriam mais calmos e astutos. Mas em geral, eles são considerados felinos leais e não estão dispostos a agressividade com seus semelhantes. Em suma, eles têm uma má reputação, mas, pelo contrário, são doces, prudentes e adoram ser mimados






Se você acha que os gatos pretos são todos iguais, você está errado. Existem algumas raças de gatos em que a cor preta é predominante, vejamos as principais.

🐈Gato preto Bombaim

Bombaim é o gato preto por excelência e sua aparência se assemelha à de uma pequena pantera. É uma raça de origem norte-americana resultante do cruzamento entre o gato americano de pelos curtos e o gato birmanês.

O gato preto Bombaim tem olhos amarelos típicos, mia pouco e é também um pouco ganancioso! Muito fiel e ligado à família, ele é um felino doméstico e não é particularmente dotado de instinto de sobrevivência. Mas, se de um lado adora a companhia dos humanos, dificilmente tolera a presença de outros gatos, mas poderia se dar bem com os cães.

Este gato adora brincar, então é uma boa companhia para as crianças, mesmo que odeiem ser perturbados pelo barulho.





🐈Devon Rex


Mesmo dentro da raça Devon rex, pode haver espécimes de cor preta (embora não completamente) que tenham um corpo magro e musculoso, mas certamente a melhor característica é a cabeça que é sempre em formato de um pequeno triângulo.

Na verdade, este gato preto tem uma cabeça ligeiramente mais longa do que larga e um focinho curto bem desenvolvido com um queixo forte, maçãs do rosto proeminentes e bigode em almofadas. As orelhas, muito abertas na base, são grandes e devem ser tratadas com cuidado. O pelo é curto e ondulado, enquanto o temperamento deste gato preto é alegre e animado.

Ele é um felino que confia em sua natureza, mas adora ficar em lugares isolados e, acima de tudo, no calor! Este gato bonito também é extremamente sensível e precisa de muita companhia e atenção porque ele não gosta de ficar sozinho. Ele é brincalhão e sempre atento ao que acontece ao seu redor.





🐈Gato preto persa


Mesmo entre os persas, há o gato preto, um felino muito encantador, originário da Pérsia, que tem uma aparência muito robusta, uma cabeça redonda, larga, um nariz achatado e olhos muito particulares: laranja escuro ou mesmo de cor cobre.

A característica do gato preto persa é o pelo grosso e brilhante que não tem nuances. Ele é um amigo fiel, doce e carinhoso, mas às vezes pode suspeitar e desconfiar de estranhos, mas é muito sociável com outros gatos.


Entre as raças onde a cor preta pode ser predominante, há também o gato angorá preto, o 

Mainecoon, que é um gato maior do que os gatos comuns e o siberiano nativo da Rússia com mais de mil anos de história. Finalmente, o gato Sphynx ou egípcio não tem pelo, mas sua pele pode ter cores diferentes, incluindo o preto.



Há também muitas outras raças em que você pode encontrar com nuances de preto. Nós, como sempre, na escolha de um amigo de quatro patas sempre recomendamos visitar abri-
gos ou salvar animais das ruas, independentemente de uma ou de outra raça, porque o carinho não tem pedigree.

🐈Gato preto e superstições pelo mundo

Depois de termos falado um pouco sobre os vários tipos de gato preto, vejamos agora por que eles sempre foram vítimas de superstições e lendas.

Vamos começar com uma pergunta: o gato preto traz boa ou má sorte?
Enquanto isso, digamos que os países onde se acredita que o gato preto traz má sorte estão entre outros, o Brasil, os Estados Unidos, a Espanha e a Itália, enquanto em países como a Escócia, o Japão e a Inglaterra, apenas para citar alguns exemplos, o gato preto é um símbolo de sorte e pensa-se que ter um em casa signifique prosperidade.

Não esqueçamos que nos países anglo-saxões o gato preto foi mantido em barcos para propiciar proteção no mar.

Na Alemanha, se um gato preto atravessa a rua da direita para a esquerda, geralmente se pensa que traz má sorte; pelo contrário, da esquerda para a direita, trará boa sorte. Na China, muitos acreditam que os gatos pretos sejam portadores de fome e pobreza, enquanto na Letônia o nascimento de gatinhos pretos indica que haverá uma boa colheita.







🐈Gato preto dá azar?

Quantas vezes você ficou paralisado na frente de um gato preto que atravessou a rua? Esperamos que nenhuma, mas, infelizmente, há muitas pessoas que associam o gato preto ao infortúnio.

A razão deve ser encontrada nas superstições que nasceram da Idade Média, é a partir dali, que esse rumor tolo começou. Naquela época, viajávamos com carruagens e podia acontecer que, nas ruas escuras, os cavalos ficassem assustados com os olhos dos gatos pretos por causa de um cruzamento inesperado deles.



Os cavalos, em um frenesi, causariam desarranjo em alguns passageiros, daí a lenda de que os gatos pretos eram controlados diretamente pelo diabo. Mas a lenda também deve muito de sua repercussão porque, em 1200 o Papa Gregório IX, denominou o gato preto como sendo um fiel amigo das bruxas, dando assim luz verde à uma caça implacável a estes seres.



Em geral, durante a Idade Média, o gato preto foi considerado um amigo do diabo e vários papas ordenaram queimá-los durante as festas populares.

Mas por que o gato preto estava associado ao diabo? A única resposta possível é a ignorância do povo. A cor preta era um símbolo de luto e seus brilhantes olhos amarelos na noite despertavam o medo.

E, no entanto, outras lendas dizem que a chegada de um gato preto trazia consigo também a chegada dos piratas, já que esses felinos frequentemente viajavam em navios para caçar ratos do porão.
🐈Gato preto: animal sagrado
Enquanto na Idade Média os gatos foram perseguidos e mortos, no antigo Egito, os gatos pretos e os gatos em geral foram adorados. Não surpreendentemente, a deusa Bastet é representada como um belo gato preto ou como uma mulher com cabeça de gato.


Esta divindade era um símbolo positivo de harmonia e felicidade, protetor de casa, guardião de mulheres grávidas e capaz de evitar os espíritos malignos.


Na mitologia egípcia, a irmã de Bastet, Sekhmet, é retratada com características felinas. Mas, em geral, os gatos eram animais sagrados e aqueles que matavam um gato, eram severamente punidos.







Símbolo das forças do bem, graças aos seus olhos luminosos, o gato preto foi preservado em todos os aspectos. Em caso de incêndio, por exemplo, não era possível escapar sem primeiro ter salvo o gato e, se um deles morresse, toda a família ficava de luto.

🐈Gato preto: traz boa sorte

Ao lado das superstições existem as lendas mais positivas que melhoram o gato preto em toda sua beleza. Por exemplo, na Roma antiga, considerava-se que os gatos pretos trouxessem fortuna, então, após a morte deles, costumava-se queimá-los e depois espalhar sua cinzas para desejar uma boa colheita. Em muitos outros países, ter um gato preto em casa é símbolo de prosperidade e boa sorte.

🐈Sonhar com gato preto




O que significa sonhar com um gato preto? De acordo com a interpretação dos sonhos, um gato preto nos sonhos poderia estar associado à sua necessidade de independência e rebelião contra imposições demasiado sufocantes. Ou então, a cor preta poderia enfatizar a conexão com o mistério e o inconsciente e, portanto, poderia ser um convite para abrir-se à essa dimensão, e confiar mais no seu instinto.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Seu gato faz xixi no lugar errado?



por Equipe do Linkanimal(*).

Diana (In Memorian)



Gatos são animais metódicos e organizados que raramente mudam os seus hábitos. Sendo assim, quando o gato faz xixi no lugar errado ou faz xixi fora da areia sanitária, ele normalmente está sinalizando algo.

A participação do dono nas alterações da rotina do felino é um dos fatores que mais contribui para que o gato faça xixi fora da caixa, fazendo assim que este seja um dos problemas mais recorrentes entre os gatos.

Dentre as razões mais comuns que levam o gato a fazer xixi pela casa toda estão inclusas a alteração na rotina dos donos, a mudança no dia-a-dia do gato, a entrada de uma nova pessoa na família e, especialmente, a mudança do local da caixa sanitária. As principais razões pelas quais o gato para de fazer as necessidades no local certo e as suas respectivas soluções, são listadas abaixo:

🐈Caixas de areia fechadas podem assustar gatos

Dentre os diversos fatores que compõe a personalidade e o comportamento felino, os instintos de proteção e fuga são os mais evidenciados no momento de usar a caixa de areia. Enquanto alguns gatos se sentem seguros em caixas fechadas que os protegem de possíveis “predadores,” outros optam por caixas abertas, pelas mesmas não encurralarem o gato. Sendo assim, gatos podem deixar de fazer as necessidades no lugar certo quando a caixa sanitária não está de acordo com os seus instintos.

De modo geral, uma bandeja sanitária aberta e funda (como essa) deixa o gato feliz sem sobrar muita bagunça fora da caixa para você limpar.

🐈Gatos não usam caixa sanitária quando a areia está suja

Por ser um animal higiênico, o gato normalmente utiliza a caixa sanitária somente quando ela está limpa. Para mantê-la limpa, remova os resíduos da caixa diariamente com um utensílio como pá ou ancinho próprio. Além disso, realize uma limpeza completa da caixa sanitária regularmente com produtos de aroma bem suave ou neutra.

Para pessoas que não gostam de utilizar uma pá para limpar a caixa, existem caixas sanitárias que já vem com a peneira, de forma que você não precisa “caçar” as fezes do gato com a pá na hora de limpar a caixa. Essa caixa, por exemplo, funciona desta maneira.

🐈Muito cheiro desincentiva o gato a usar a caixa

Muitas vezes os donos do gato querem deixar a caixa de areia limpa e utilizam detergentes com cheiros fortes e perfumados. Para limpar a caixa sanitária é importante utilizar detergentes neutros ou sem cheiro. Quando possível, o mesmo produto deve ser sempre utilizado durante a limpeza de forma o gato não estranhar o novo cheiro e parar de usar a caixa de areia.

Dica: Defina uma rotina para limpar a caixa do seu gato. Sempre limpe a caixa nos dias definidos, com os mesmos produtos de pouco cheiro, privilegiando os detergentes neutros.

🐈Algumas areias sanitárias incentivam o gato a fazer xixi fora do lugar

A areia sanitária deve ser fina, uma vez que os felinos apreciam conforto. As vezes, não é a areia em si, mas a troca da mesma que incentiva o gato a parar de usar a caixa sanitária. Por esse motivo, as trocas de areia (de uma marca para outra) devem ser feitas gradualmente. Areias perfumadas também devem ser evitadas, pois, normalmente não são bem aceitas pelos gatos, forçando assim os gatos a fazerem xixi e côco no lugar errado.

🐈O local da caixa de areia é um fator importante para incentivar o gato a fazer xixi no lugar certo

Caixas sanitárias devem ser colocadas em lugares com pouco barulho e movimento. Em diversos casos, gatos cujas caixas sanitárias ficam na área de serviço fazem xixi no lugar errado quando a máquina de lavar roupas está ligada por conta do alto barulho que ela produz. Similarmente, gatos evitam fazer as necessidades em lugares bastante habitados pelos donos e crianças da casa.

🐈Uma caixa sanitária para cada gato reduz “acidentes” em casa

Enquanto alguns gatos não se importam, outros nem chegam perto de uma caixa sanitária que já foi utilizada por outros gatos. Ao ver que a caixa já foi utilizada, os felinos usam outros lugares da casa como o seu banheiro pessoal.

Para reduzir as chances do gato desenvolver o hábito de fazer xixi no lugar errado, designe pelo menos uma caixa de areia para cada gato da casa.

Gatos que param de usar a caixa sanitária após a entrada de um novo felino na casa várias vezes se enquadram nessa situação. Esses gatos podem até sinalizar para os seus donos de que não se sentem confortáveis dividindo a caixa. Sinais incluem o gato fazer xixi do lado de fora da caixa ou não cobrir o côco, assim avisando todos os moradores da casa que a caixa já tem dono. Quando essas mensagens não são respondidas pelos donos, os gatos podem começar a fazer xixi em diversos locais da casa.

Dica: Tenha pelo menos uma caixa sanitária para cada gato. Quando possível, coloque uma caixa a mais para garantir que sempre tem um lugar limpo para o gato fazer as necessidades. Em casos de casas e apartamentos grandes, é importante ter uma caixa em cada andar ou grande área da casa.

🐈Gatos não fazem xixi no lugar certo quando algo ruim aconteceu perto da caixa

Se algo ruim acontecer com o gato enquanto ele usa a caixa de areia, o felino pode criar uma associação negativa com a caixa. Sendo assim, o gato deixará de usar a caixa com o medo de que o que ocorreu ocorra novamente.

Por exemplo, um gato que se assustou com fogos de artifícios enquanto usava a caixa pode nunca mais voltar a caixa. Isso por que algo ruim aconteceu na última vez que ele interagiu com a caixa sanitária.

Em casos como esses, medidas comportamentais podem ser tomadas, de forma ensinar o gato a associar a caixa com algo positivo. Similarmente, mudar o local da caixa pode incentivar o gato a utilizá-la novamente. Considerando que gatos naturalmente copiam os hábitos de seus donos, colocar a caixa de areia dentro do banheiro pode incentivar o gato a usar a caixa depois que o seu dono usar o banheiro.

Dica: Coloque a caixa de areia em um lugar onde tenha pouco movimento e barulho. Assim você reduz as chances de assustar o gato enquanto ele estiver fazendo as necessidades.


🐈Xixi no lugar errado pode sinalizar problemas de saúde no gato

Alguns problemas de saúde contribuem para o gato fazer xixi e cocô em lugares errados. Dentre os diversos problemas associados a eliminação fora da caixa estão a infecção urinária, a cistite intersticial felina e pedras nos rins. Nesses casos, o gato fazer xixi fora da caixa é uma forma de avisar que ele não está bem fisicamente e precisa ser examinado. Por esse motivo, o veterinário deve sempre ser consultado em casos em que o gato começa a fazer as necessidades fora do lugar.

🐈Gatos fazem xixi no lugar errado para marcar território

Gatos se comunicam através do cheiro, principalmente no que se diz respeito a denominação de territórios. No caso de marcação de território, o gato não faz xixi fora do lugar mas solta um jato de urina no local, de forma a marcá-lo. Normalmente, quando isso ocorre, o rabo estará ereto e treme um pouco durante o jato. 

De acordo com a Humane Society dos Estados Unidos, a castração de gatos resolve 90% dos problemas relacionados à marcação de território. Quando possível, ela deve ser feita antes que o gato inicie esse comportamento, pois mesmo depois de castrado, o comportamento pode continuar, não como instinto, mas sim como hábito.

Dica: Converse com o seu veterinário sobre a possibilidade de castrar o seu gato para evitar problemas de marcação de território.

Fonte: (*) linkanimal.com.br 

sábado, 20 de janeiro de 2018

E os gatos conquistaram a Terra.






Apesar de milênios de domesticação, os gatos ainda são caçadores selvagens que moram nos nossos lares. Entenda como eles se tornaram o pet favorito do homem.


por Guilherme Castellar(*).




Um camponês egípcio ajudava um time de arqueólogos em suas escavações. Em meio a ruínas de um templo de mais de 3 mil anos, cavou um buraco na maior caixa de areia do mundo. E se deparou com gatos. “Não um ou dois, aqui e ali, mas dezenas, centenas, centenas de milhares… Uma camada de gatos, formando um estrato mais grosso que a maioria dos veios de carvão, com dez a 20 gatos de profundidade. Múmia espremida contra múmia apertada, como arenque em um barril.” Essa cena narrada pelo historiador britânico William M. Conway diz respeito à descoberta de um cemitério de gatos em Beni Hasan, perto do Cairo, em 1888.

Hoje soa bizarro, mas no Egito de 3 mil anos atrás mumificar e enterrar gatos em sarcófagos era sinal de amor e veneração. Os egípcios até tinham uma deusa-gato: Bastet, símbolo da fertilidade, maternidade e da sexualidade feminina. Foi para ela que os bichinhos acabaram sacrificados. Milhares de anos depois, os gatos ainda mantêm o prestígio conquistado no Egito e um certo domínio sobre os homens. Abrimos nossas casas para eles, isso sem pedir muita coisa em troca além de companhia. Mas nem sempre foi assim. Ao longo da relação, a humanidade amou e perseguiu o pequeno felino, em uma trama ao mesmo tempo sagrada e profana, que você verá nas próximas páginas.
Sagrados

Os gatos entraram na história da humanidade para nos proteger dos ratos. Entre 13 mil e 11 mil anos atrás, homens e mulheres começavam a viver o sonho da casa própria. Nasciam a agricultura e os primeiros assentamentos urbanos, no Crescente Fértil, área que abraça pedaços do que hoje chamamos de Egito, Palestina e Israel, estendendo-se até o sul do Iraque. A ideia agradou aos roedores, atraídos pelo alimento armazenado. E atrás deles vieram pequenos felinos selvagens. Começava ali o jogo de gato e rato – e de gato e Homo sapiens.

Para esses primeiros agricultores, os minitigres foram uma dádiva divina. Um serviço de controle de pragas eficiente e gratuito. Logo, passamos a alimentá-los, como uma forma de encorajar os gatos a ficar por perto. Esses felinos que se deram bem com os primeiros assentamentos humanos eram diferentes dos de hoje. Faziam parte de outra espécie, a Felis silvestris (gato selvagem). Eles estão para os gatos de hoje assim como os lobos estão para os cachorros. A versão silvestre é maior, mais arredia, com cara de poucos amigos e garras mortais contra os inimigos.

Uma análise do DNA de quase mil gatos selvagens e domésticos feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, em 2007, revelou quem foi esse “neandertal” dos gatos modernos. Mostrou que todas as raças de bichanos de estimação são descendentes de uma única subespécie: o gato selvagem africano (Felis silvestris lybica), um primo menor dos leões e guepardos que vive até hoje no norte da África e no Oriente Médio. Nisso, a biologia confirmou a arqueologia: estava provado que os gatos modernos surgiram junto com as nossas primeiras cidades, que ocupavam justamente o habitat do Felis silvestris lybica.



A proximidade com a civilização amansou o gato silvestre africano. Os indivíduos mais sociáveis entre os que vinham comer os ratos das nossa aldeias eram os que ganhavam mais carinho e comida. Esses passaram a viver mais, a deixar mais descendentes que os felinos ariscos, e em alguns milhares de anos deram origem a uma espécie nova, bem diferente da silvestris: o Felis catus, nosso gato doméstico.

Esse processo de seleção artificial tornou o gato doméstico menor que o selvagem, provavelmente porque os animais que se aninhavam melhor no colo dos donos venceram a corrida evolutiva. O cérebro também diminuiu, igual aconteceu na transição do lobo para o cachorro, já que a vida entre quatro paredes requer menos habilidades cognitivas que a correria da selva. Mesmo assim, o gato doméstico se manteve surpreendentemente selvagem na essência, como vamos ver mais adiante.

O cérebro pode ter diminuído, mas a inteligência deles aumentou num aspecto fundamental. Ao longo dessa evolução, eles aprenderam uma habilidade com a qual seus ancestrais selvagens nem sonhavam: comunicar-se com humanos. É por essa via que a domesticação realmente se manifesta. A vocalização é naturalmente valorizada pelos humanos. Os gatos que sabiam miar com jeitinho para pedir comida viraram os favoritos dos nossos antepassados. O Felis catus, então, surgiu como um comunicador nato, fazendo do miado o seu jeito de puxar papo com o dono. Não é que os gatos selvagens não miem, mas os domésticos fazem sons suaves que agradavam mais à nossa audição. Mesma coisa com o ronronar, que lhes garante nossa simpatia.

Essa comunicação, ainda que miada, criou um vínculo afetuoso tão firme que, num momento importante da história da humanidade, os gatos se tornaram mais do que pets desratizadores. Eles viraram deuses.

🐈Do Egito para o mundo

Os primeiros registros históricos sobre a domesticação dos gatos vêm do Egito. Um deles é uma pintura de 2 mil a.C., uma época em que as pirâmides ainda tilintavam de tão novas: uma pintura de um gato de estimação se deliciando com um peixe sob a cadeira da esposa de um nobre.

A amizade virou adoração religiosa por volta de 600 a.C., quando os egípcios passaram a representar a deusa Bastet com a cabeça de um gato, em vez da de um leão. Foi aí que começou o sacrifício dos gatinhos, mencionado lá no início. Em um único templo, foram encontradas 300 mil múmias felinas. Acharam tantas delas em escavações do século 19 que muitos desses restos milenares acabaram vendidos como fertilizante – um único navio zarpou com 19 toneladas do produto para a Inglaterra.

As múmias felinas surgiram por questões meramente econômicas: eram mais baratas que as estátuas de bronze, oferendas tradicionais da nobreza. E a produção se dava em escala industrial. Os gatos cresciam em espaços confinados. Até filhotes viravam múmias. Todas vendidas já prontas, na porta dos templos.

Essa obsessão incondicional aos gatos cultivada pelos egípcios não passou batido para mercadores e viajantes. Foi pelas mãos deles que os bichanos começaram a conquistar o mundo cruzando o Mediterrâneo, por volta de 500 a.C. Ao longo dos séculos, foram ampliando seus domínios. Eram marujos disputados, pois ajudavam a proteger o alimento embarcado nos navios mercantes.

Na Europa, foram muito bem recebidos, principalmente pelos gregos. Na Grécia Antiga, os felinos exerceram um magnetismo espiritual quase na mesma medida que no Egito. O culto à deusa-gato Bastet acabou importado pelo helênicos depois que Alexandre, o Grande, conquistou a terra dos faraós, em 332 a.C. Como gregos colecionavam divindades em sua mitologia, eles se encantaram com Ísis, a deusa-mãe dos egípcios, que representa o amor fraternal. Então reescreveram o mito com suas próprias palavras, e nos séculos seguintes Ísis foi associada a Bastet e ganhou outro nome: Bubastis. Ísis, inclusive, está na origem da mística do gato preto. Naquela época, o preto representava a noite, não tinha nada a ver com o demônio ou com o azar. E como foi Ísis quem criou a noite, o preto era a sua cor.



Bubastis e os gatos de verdade avançaram pela Europa junto com o Império Romano, que assimilou para si quase toda a mitologia grega. Tanto mito quanto bicho foram abraçados pelos celtas, que viviam na Europa desde bem antes do domínio de Roma. Curandeiras celtas, que mais tarde passariam a ser conhecidas como “bruxas”, passaram a viver rodeadas de gatos, dada a força mitológica do bichinho.
Só tinha um problema: nesse amor bruto e bruxo, os bichanos continuaram a ser sacrificados. 
Uma tradição celta dizia que matar os pequenos felinos trazia bom agouro. Enterrar um deles em um campo recém-semeado, por exemplo, podia assegurar a colheita, acreditavam. Essa fantasia cruel, inclusive, continua viva. Até hoje os moradores da cidade belga de Ypres comemoraram o Festival dos Gatos. E parte da festa consiste em atirar gatos de pelúcia de uma torre. Os brinquedos substituem os gatos de verdade, que foram usados até 1817 – os cidadãos de Ypres acreditavam que os gritos dos animais espantavam os maus espíritos.

Mas esses rituais macabros são só uma parte da história. Os gatos eram valiosos na Idade Média também – ainda não havia forma mais eficiente de matar ratos, afinal. No País de Gales do século 10, um gato custava tão caro quanto uma ovelha ou uma cabra – animais valiosos, já que produzem comida e vestimenta. Em caso de divórcio, o marido podia levar um gato da casa, e o restante ficava com a mulher. Na Saxônia, Alemanha, a política sanitarista antirrato, e pró-gato, era clara: matar um gato dava multa de 60 alqueires de grãos (1,5 tonelada). Mas a relativa paz felina duraria pouco, porque eles estavam prestes a ganhar um inimigo mortal: a Igreja Católica.
Profanos

O pintor italiano Domenico Ghirlandaio (1449-1494) fez duas versões muito parecidas da Última Ceia. Na segunda, pintada em 1842 para a Igreja Dominicana de São Marcos, em Florença, mudou um detalhe atroz: tirou o saco de moedas que Judas carregava e postou sentado ao seu lado um gato cinzento. Em vez das 30 moedas de prata que Judas recebeu para entregar Jesus, era o felino que assumia a simbologia do engano e da traição. Retrato de uma época em que ser gato virou maldição.

A semente para o ódio contra os felinos tinha sido plantada bem antes. Começou quando o cristianismo CATÓLICO teve a ambição de se tornar a única religião da Europa. O Império Romano tinha como política a tolerância religiosa. Os povos dominados tinham uma certa liberdade para seguir com seus cultos. Mas no século 4, quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império, tudo mudou. A Igreja Católica Apostólica Romana proibiu cultos pagãos e deu início a séculos de obscurantismo e perseguição, inclusive aos felinos. Em alguns lugares, principalmente nas áreas rurais, mais influenciadas pela pregação cristã, o gato passou a ser associado à má sorte e à bruxaria. A imagem da deusa céltica Ceridwen, que usava capas, fazia poções em caldeirões e se metamorfoseava em felinos, se tornava um arquétipo do mal.

Ainda assim, os gatos mantinham seu status nas casas medievais, mas a coisa ficaria feia para o lado deles a partir de 1233. No dia 13 de junho, o papa Gregório 9º publicou a bula Vox in Rama, que associava o gato a Satã. Milhões de animais foram torturados e queimados na fogueira, junto com centenas de milhares de mulheres acusadas de serem bruxas. A radicalização pretendia eliminar de vez os cultos pagãos que ainda existiam. E também foi uma reação a um culto relativamente novo que a Igreja não bicava: o Islã, que amava os gatos. Maomé teve até uma gata malhada de estimação chamada Muezza, talvez uma angorá ou abissínia.

O felinicídio só não foi completo porque, cristãos ou pagãos, todos ainda dependiam dos gatos. Eles eram essenciais numa época em que não existia saneamento básico e as ruas cheiravam a lixo e fezes. Há quem diga que a brutal redução da população de gatos pode ter aberto caminho para a Peste Negra, a pandemia de peste bubônica que assolou o mundo no século 14 e dizimou 70 milhões de pessoas só na Europa. Com menos predadores, os roedores fizeram a festa e, como carregavam as pulgas transmissoras da doença, a peste se espalhou. Essa tese, porém, tem críticos. A Peste Negra também foi devastadora na Índia, Oriente Médio e norte da África. E lá os gatos eram queridos.

Uma coisa é certa: séculos de perseguição moldaram a maneira como a humanidade até hoje vê os gatos, ao menos no mundo ocidental. E o impacto no imaginário sobrevive até hoje. Ainda há quem se assuste com um gato preto atravessando a rua, e eles ainda são itens de decoração no Halloween.
À noite todos os gatos são pardos

A sorte do gato no Ocidente começa a mudar no século 18. Luís 14, da França, chegou a jogar uma cesta com gatos vivos na fogueira, em Paris. Mas no reino de seu sucessor, Luís 15, o clima estava bem mais favorável aos felinos. Em suas andanças pelo Palácio de Versalhes, conviveu com os vários gatos de estimação da sua mulher, Maria Leszczynska, e das criadas. Nessa fase, multiplicam-se as pinturas de damas da corte com seus peludos.

Mas o pulo do gato doméstico só aconteceria mesmo no século 19, quando os ingleses surgiram com a ideia de criar profissionalmente os gatos, inclusive, desenvolvendo novas raças – igual começavam a fazer com os cachorros. Por meio de cruzamentos seletivos, eles reforçaram as características mais desejadas, físicas (como os pelos longos e alaranjados do gato persa) ou comportamentais, como a docilidade. A maior parte das raças contemporâneas surgiu no Reino Unido do século 19.

Com o cachorro, a história é quase a mesma, mas com uma diferença radical. Os cães têm mais de 400 raças reconhecidas por associações internacionais, contra 60 dos gatos. A variação é pequena porque o genoma dos gatos é muito estável. Com isso, tentativas de fazer gatos de aparência exótica ou sociáveis como cães não costumam durar mais que uma geração. É como se os genes mantivessem o gato irremediavelmente agarrado a seu passado selvagem, no qual vamos mergulhar agora.
Welcome to the jungle

“Ao contrário dos cães, os gatos exigem que os aceitemos em seus próprios termos”, resume o inglês John Bradshaw, especialista em comportamento animal, e autor do livro Cat Sense, sem versão em português. Já seus detratores diriam que os gatos são teimosos. Bom, do ponto de vista evolutivo, talvez estejam certos. “Por mais que o processo de domesticação do gato tenha milhares de anos, ele ainda não ocorreu por completo”, explica o inglês.

Isso tanto é verdade que o gato doméstico mantém quase intactos seus instintos selvagens e talentos de caçador. Não parece, mas aquele lindo felpudo que passa o dia deitado no sofá é uma máquina de caça, que enxerga qualquer apartamento como se fosse uma floresta.

A violência instintiva revela-se nas brincadeiras. John Bradshaw fez um experimento, brincando com vários gatos – em situações com e sem fome. Quando o brinquedo era uma bolinha, eles se entediavam logo. Já se fosse um boneco de pano com penas ou parecido com um rato, a fúria assassina se manifestava. Os felinos se interessavam mais pelo brinquedo e exageravam na dose de violência. Se estavam com fome, então, só paravam de atacar quando despedaçavam o brinquedo. Por isso é tão recomendado que donos de gato brinquem com eles, a fim de liberar seus instintos e diminuir o stress.

Esse comportamento assassino se manifesta em outros hábitos do gato doméstico. Um deles é a rotina noturna. Na natureza selvagem, o melhor horário para caça é quando há pouca luz. Por isso, o gato prefere ir à luta logo após o pôr do sol e pouco antes do nascer do sol. É quando a visão deles, 40% melhor que a dos humanos na semiescuridão, faz a diferença.

Outra marca registrada é a dieta. Gatos são hipercarnívoros. Isso quer dizer que dependem de proteína animal para sobreviver. Eles tiram da carne a maior parte da energia e das vitaminas essenciais à vida, diferente de animais herbívoros ou onívoros, que também as obtêm de vegetais e carboidratos.

Enquanto cães se adaptaram para tirar proveito das sobras das refeições humanas, os gatos não abriram mão da dieta deles. Análises recentes do DNA canino mostram que, ao longo da domesticação, os cães adquiriram mais cópias do gene relacionado à produção de amilase, enzima responsável por processar o amido e possibilitar uma dieta menos dependente de carne. Os felinos não. Se os donos não os alimentarem direito, eles vão para a rua caçar – pássaros, roedores, qualquer coisa. Mas a tendência é que eles não precisem mais recorrer tanto aos seus instintos caçadores. Porque os gatos estão voltando a virar deuses. Mais especificamente, divindades urbanas.

🐕Cães, seus dias estão contados

Não comente com o seu cachorro. É que temos uma má notícia para ele: o cão está perdendo seu posto milenar de melhor amigo do Homo sapiens. Nos EUA, por exemplo, há quase 86 milhões de gatos contra 77 milhões de cães domésticos, segundo levantamento da Associação Americana de Produtos para Pets (APPA). Os gatos ainda estão atrás no Brasil. Em 2013, o IBGE confirmou: a população de cachorros no País era de 52 milhões. Um para cada quatro brasileiros. Metade das casas tinha pelo menos um cachorro. Já os gatos estavam em apenas 18% dos sofás brasileiros: eram 22 milhões. No resto do mundo, porém, eles já dominam geral. Além de nos EUA, os felinos também são maioria no Canadá, na Europa Ocidental (exceto Portugal, Espanha e Irlanda), na Rússia e, disparado, no Oriente Médio, onde jamais deixaram de reinar.

O gato doméstico, afinal, parece ter sido talhado justamente para o século 21. Com a humanidade se tornando cada vez mais ocupada e urbanizada, cuidar de um cão pode parecer uma tarefa assustadora. Já os felinos são pequenos, perfeitos para dividir espaço em apartamentos que só diminuem de tamanho. Limpos e autossuficientes, não precisam de banho nem de serem treinados para fazer xixi no lugar certo – são praticamente programados para fazer na caixa de areia. Após um longo dia de trabalho, não é preciso levá-los para dar uma voltinha no quarteirão. Basta calçar o chinelo, sentar no sofá e relaxar afofando a bola de pelos. Com tudo isso, o gato tem um “custo de manutenção” menor, considerando alimentação, higiene e cuidados veterinários. Um estudo feito pela Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostrou que o gasto médio mensal com um cão de porte médio é de R$ 271 reais. Já o dono de um gato vai gastar em média R$ 121 por mês para manter o bicho. Ou seja, o gato cabe mais no bolso.

Churchill e os gatos


E foi assim, do luxo do Egito antigo à praticidade da sociedade atual, que os gatos seguiram sua longa jornada da selva ao sofá. Vieram por causa dos ratos, mas ficaram por causa dos homens, ainda que “nos olhando de cima para baixo”, como dizia Winston Churchill. Não tem problema, nós aceitamos. Como bons devotos.

(*)Guilherme Castellar é jornalista da revista Superinteressante
Fonte: super.abril.com.br

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Ex morador de rua cuida de 100 gatos na Bahia





por correio24horas.com.br.

Foto: Almiro Lopes/CORREIO


Lucas Santos de Jesus, 24 anos, perdeu a mãe, o emprego e até o ano passado morava na rua, mas quando perguntado sobre o que deseja ele responde rapidamente:
 “Ficaria feliz se todos os gatos fossem adotados por pessoas que gostassem e cuidassem bem deles”.
Não é fácil encontrar os animais na tarde ensolarada de Salvador. Se escondendo sob a sombra das árvores ou dentro dos abrigos de papelão, plástico e até de concreto, todos doados por visitantes ou moradores do local, os filhotes e adultos descansam. A limpeza da zona ocupada impressiona. “Nem as fezes deles eu deixo no chão, limpo tudo”, diz Lucas.

Os gatos não estão em uma ONG ou em um abrigo. Os cerca de 100 animais (“agora aqui tem entre 90 e 105 gatos”, diz o cuidador) ficam na rua, vizinhos a uma praia bastante frequentada em Salvador, próximos a pistas de caminhada e corrida e escondidos sob a vegetação que circunda o local. Os animais, todos com boa aparência, obedecem aos chamados de Lucas, que diz conhecer as individualidades de cada um.

Todos os dias, Lucas chega ao local pontualmente às 7h para cuidar dos animais. “Troco água, tiro o lixo, coloco ração todos os dias e leite para os filhotes”, relata ele. O local surpreende pela limpeza e organização, apesar da quantidade de animais. Muitos moradores e turistas chegam para trazer doações e fazer carinho nos bichos. “Eu procuro trazer ração para ajudar”, diz Júlia Virolli, estudante de 17 anos que mora no bairro.

Os animais são mantidos com a ajuda de protetores, dentre eles veterinários que pediram para não ser identificados. “A gente faz vaquinha para comprar remédios, ração, para vacinar contra raiva e para pagar a anestesia para castrar os animais”, conta Lucas. Por dia, são gastos 16 kg de ração, metade pela manhã e metade à tarde, além de um litro de leite para os 10 filhotes que estão no local.

Sônia Barros, cabeleireira de 60 anos, afirma que a colônia de gatos é cuidada com muito esforço e dificuldade por voluntários como ela, ‘seu’ Feu, ‘seu’ Rodrigo e dona Bárbara, todos idosos, além de Lucas. “Nós compramos ração, abrigos, agasalho e remédios, tudo do nosso bolso”. Ela frequenta o local há cerca de dois anos.


O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) informou que em 2017 o órgão esteve duas vezes no local para vacinar os animais - a última visita foi em dezembro. O número de felinos que foi vacinado não foi comunicado.

Além destes, outros protetores fazem visitas esparsas ao local para entregar doações ou levá-los para castrar. “Quando as barracas de praia foram tiradas daqui, os animais foram abandonados e se proliferaram. Ali não é o paraíso dos gatos”, conta dona Sônia, reiterando que o ideal é que os animais sejam castrados e adotados.


O local já chegou a abrigar mais de 250 gatos - Lucas conta que às vezes mais de 100 são abandonados no local em um único mês, número que supera o de adoções, que é de no máximo 40 mensais.

“Se a gente vê alguém trazendo animais para cá a gente não deixa. Anotamos a placa e denunciamos, porque abandono é crime”, adverte ele.

Ana Galvão, chefe do setor informação do CCZ, reitera a informação.


Lucas Santos de Jesus, 24, é o 'rei dos gatos' da orla (Foto: Almiro Lopes/CORREIO

“Temos que fomentar na população a ideia de não abandonar os animais, é um maltrato para o gato e é crime”, diz Ana.

Daniela Coelho, que é protetora de animais e pesquisadora em Ecologia, afirma que o abandono é um problema enfrentado também por organizações não governamentais (ONGs) que cuidam de animais domésticos. “A maioria dos abrigos não informam endereço porque as pessoas tendem a abandonar os animais na porta”, lamenta.

Segundo o advogado Tadore Trajano, membro da comissão de meio ambiente da OAB/BA, o abandono é tratado como maus tratos aos animais e está previsto no artigo 32 da lei 9605/98, que trata de crimes ambientais.

“Atualmente o ministério público tem sido a principal instituição a receber representações que tratem de maus tratos dos animais. A polícia ambiental, a militar e a polícia civil podem encaminhar ao MP material para instruir a abertura de ação.”, ele conta.


“É necessário uma material probatório para iniciar a investigação. Levar fotos, documentos que comprovem o fato ajudam”, recomenda Trajano.

Nem todo mundo festeja a presença dos gatos no local. O professor José Carlos de Freitas, 54, espalhou na tarde desta segunda (15) cartazes para solicitar aos transeuntes a não alimentarem os gatos e incentivando a adoção. “Aqui não é local para criar os gatos. Eles são animais domesticados e destroem a fauna daqui”, argumenta.

O cartaz diz: “Protetores de gatos destroem a fauna praieira”. Carlos explica que aves que eram vistas no local desapareceram há cerca de um ano por causa dos felinos.


“Eu moro no bairro há 30 anos, sempre passei ali vendo aves como corujas buraqueiras por ali. Agora não tem nem rolinha, não fica uma”, reclama.

A pesquisadora em Ecologia Daniela Coelho, especialista em fauna silvestre, diz que a queixa tem fundamento. “Alguns artigos científicos documentam o impacto de gatos na fauna de animais silvestres de uma região, e mostram redução da abundância de aves e lagartos por causa da presença de gatos”. Ela explica que os felinos caçam os outros animais e comem até ovos de aves.

Apesar da ressalva, Daniela, que também é protetora de animais, elogia o trabalho de Lucas. “Ele faz um bom trabalho social, e é muito importante. Mas o ideal seria mantê-los em um local restrito e protegido, que não permita o trânsito livre deles para a rua”, sinaliza.

A maior preocupação em relação aos animais que vivem na rua é o controle populacional.
“Um gato macho pode gerar até 1.000 filhotes por ano”, conta Daniela.

A pesquisadora frisa a importância da castração dos animais também para evitar a caça das aves. “A castração pode até amenizar o instinto de caçador do gato”, aponta.

Castrar os animais é a solução para estes e outros problemas, segundo Ana Galvão, do CCZ. “A importância é enorme. Os animais castrados, principalmente os semi-domiciliados, ficam menos agressivos e assim também se consegue o controle populacional, evitando cria indesejada”, indica.

A castração dos animais é uma questão não só de saúde pública. “O animal muda o comportamento e tende a ficar mais tempo dentro da residência, e assim tem menos contato com doenças na rua. Em fêmeas, o procedimento reduz a chance de câncer de mama ou de útero, sendo uma vantagem para a saúde do animal”, explica a representante do CCZ.

“Muita gente pensa que castração é maltratar o animal, mas é o contrário”, conclui Daniela Coelho.

Lucas afirma que quando filhotes são adotados, ele orienta as pessoas sobre os procedimentos que devem ser tomados. “A gente indica clínicas onde a pessoa deve levar o animal para castrar e vacinar, e pedimos para trazer o animal aqui pelo menos duas ou três vezes, para vermos se estão cuidando bem”, conta.

Lucas cuida dos gatos há mais de um ano. Os animais ajudaram o protetor a superar a morte da mãe, há 10 meses.


“Eu fiquei perdido. Acompanhava minha mãe ao hospital, e por isso perdi meu emprego como garçom. Quando minha mãe morreu fomos morar na rua. Encontrei os gatos aqui e comecei a cuidar deles. Agora eu tô com a cabeça no lugar de novo”, lembra ele, que vive com o irmão.

Antônio, 22, limpa parabrisas no semáforo, sob vigia do mais velho Lucas, que já perdeu outros dois irmãos para o crime - o último foi enterrado no sábado (13). “Fico perto aconselhando ele, pra não se juntar com gente errada, e ajudando, caso ele precise de água ou de um apoio”. Eles nunca conheceram o pai.

Os dois viveram na rua até novembro passado, quando voluntários que ajudam os gatos passaram a pagar o aluguel de um quarto, por R$ 200, e contribuir com metade da feira do mês dos irmãos. “Eu já fazia o trabalho sem as pessoas me ajudarem, porque eu gosto. Desde criança gosto de animais”.

Lucas leva 20 minutos para chegar no local onde os gatos ficam - disse que muitas vezes pega carona com motoristas de ônibus que já o conhecem ou de moradores, que ajudam os gatos, e que vão buscá-lo. “Se chove demais, eu saio de casa de madrugada e venho ver como os gatos estão”, relata. 

Ele chegou a rasgar um edredom que ele dividia com o irmão, na calçada, para ajudar os animais.

Criança brinca com animais; limpeza do local chama a atenção (Foto: Almiro Lopes/CORREIO)

“Resgatei três gatos ensopados uma vez. Eles tremiam muito, então rasguei um pedaço do forro do edredon e coloquei eles. Rapidamente eles se recuperaram”, lembra Lucas.

Ele disse que não pensa duas vezes quando o assunto é ajudar os animais 



Procure na sua cidade uma unidade co Centro de Controle de Zoonoses e informe-se sobre a castração gratuita. Pesquise na Internet 

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Caracal um gato selvagem e belo.







por Eduardo Mendes & meusanimais.com.br(*)




Caracal é um gênero de mamíferos carnívoros da família Felidae, composto de duas espécies. Eles são gatos de médio porte que vivem em savanas, florestas e desertos da África e oeste da Ásia. 

O caracal mede aproximadamente 65 centímetros mais 30 de cauda. Possui pernas longas e uma aparência esguia. A cor da pelagem pode variar de avermelhado, acinzentado a amarelo torrado, embora até se conheçam casos de indivíduos todos negros; e é própria para ele se camuflar. Um caracal selvagem vive cerca de 12 anos, mas em cativeiro pode chegar aos 17 anos. Como é um animal fácil de se domesticar, é utilizado na caça em países como o Irã e a Índia. Na verdade é estranho ver um felino carnívoro de 70cm e domesticável. Mas o Caracal de fato é.

Eles caçam e se alimentam de pequenos mamíferos, como coelhos , roedores , texugos e até mesmo do bebê antílope , mas suas presas preferidas são as aves, incluindo os pinguins.

Esse felino africano consegue dar saltos tão altos que pegam aves em pleno voo. O caracal está em perigo de extinção. Há alguns anos, de predador, tornou-se um animal de estimação exclusivo.

🐈É possível domesticar um Caracal?



Sim, é possível domesticar um Caracal. Embora haja muitas pessoas que se assustem ao vê-lo, pois, sua presença e seu olhar são um tanto intimidantes, quando são filhotes são animais adoráveis e parecem gatinhos, os mais belos que você já viu.

Apesar de seu instinto natural, um Caracal pode ser domesticado e ser mantido em casa como qualquer outro pet. Porém, o animal que for trazido para uma casa deverá ser originário de uma família já domesticada e que já tenha vivido entre humanos.



Apesar de que quando pequeninos se parecerem com lindos gatinhos, não podemos nos enganar, são animais selvagens e que devem viver em seu habitat, como qualquer outro.

Eles podem ser encontrados no norte do Marrocos, na Nigéria e em Gana, mas não são encontrados no centro do continente africano. Mesmo assim, eles já foram vistos em parte da Tunísia e da Etiópia, e também ao sul do continente africano.

Não sabemos o porquê desta grande distância geográfica que separa a uns dos outros. Possivelmente seja pela personalidade independente e por não quererem pertencer a um grupo e isso os leva a se distanciarem.



Não nos resta dúvidas de que o Caracal é um animal espetacular e que vale à pena conhecer. Você gostaria de ter um como animal de estimação?

(*)Eduardo Mendes: portaldoscaesegatos.com.br
(*)meusanimais.com.br


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Gato abandonado 'chora' em hospital







Amigas fazem ensaio para incentivar adoção em Teresina

Proprietários abandonam animais alegando que não podem pagar pelo tratamento. Diretor alerta que a prática é crime e pode render multa ou prisão.

por G1 Piauí(*).

Gato foi flagrado "chorando" no Hospital Veterinário (Foto: Divulgação/Talita Duarte)


As lágrimas do gato Rajado comoveram internautas depois que teve sua foto compartilhada "chorando" no Hospital Veterinário Universitário (HVU), localizado no campus senador Petrônio Portela da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Teresina. O local enfrenta um problema que, além de crime, é um ato de descaso e desprezo aos animais. Muitos cães e gatos, como Rajado, ficam abandonados, sem lar, após se recuperarem porque os donos não voltam para buscá-los.


Além de Rajado, a história de Mimi, uma gatinha que nasceu cega dos dois olhos, teve um capítulo triste quando passou meses dentro de um gradeado à espera de alguém que lhe desse um lar. Isso mudou quando a jornalista Raquel Lopes e a amiga Thalita Duarte visitaram o Hospital Veterinário e se comoveram com a tristeza dos animais. Elas então resolveram fazer um ensaio com os bichos para tentar encontrar um lar para eles.

Gatinha Mimi nasceu cega dos dois olhos (Foto: Divulgação/Thalita Duarte)

"Minha amiga estava com a gatinha dela, a Bia, internada lá no HVU e ficou preocupada com a situação dos animais abandonados. Então, tivemos a ideia de divulgar nas redes sociais com o objetivo de conseguir adoção para eles", contou Raquel ao G1.


Após uma conversa, Raquel e Thalita decidiram reunir amigas em uma corrente do bem para encontrar novos lares para os animais abandonados no HVU. Elas foram ao local tirar fotos no intuito de mostrar a beleza em cada olhar e despertar o interesse de possíveis novos donos.

Durante o ensaio, uma imagem chamou a atenção de Raquel: o gatinho Rajado, também abandonado, aparece com lágrimas nos olhos. Uma representação da tristeza vivida diariamente por animais que perderam o conforto e a liberdade, deixados por quem devia fornecer cuidado e carinho.


"O post do Rajado teve mais de 150 compartilhamentos diretos. Por isso a gente bate muito nessa tecla da importância dos compartilhamentos. Se a pessoa que viu o post não tiver interesse em adotar mas compartilhar, outra pessoa pode ver e querer", destacou Raquel.


De acordo com Marcelo Campos, diretor em exercício do hospital, os cães são os animais mais rejeitados e o motivo mais alegado pelos tutores é o custo do tratamento, embora a administração esteja aberta a negociar.

“A questão do abandono é séria, é crime previsto por lei e no código civil, principalmente quando há um abandono em repartição pública, que é mais agravante. Isso pode resultar em multas e prisão e a população precisa estar informada”, disse.

O crime e as consequências

Quando é feito o internamento do animal os dados do proprietário são coletados e mesmo que o telefones ou endereço sejam dados erroneamente, o Cadastro de Pessoa Física (CPF) do dono fica registrado. Após a alta, o proprietário tem um prazo para buscar seu animal e quitar a dívida.


O diretor explicou ainda que o crime de abandono de animal está previsto em Lei e CPF do devedor vai para a dívida ativa da União.


“Caso o resgate e o pagamento não aconteça no prazo, encaminhamos o caso para a Fazenda e fazemos um boletim de ocorrência na Polícia Civil. O nome da pessoa é encaminhado para a dívida ativa da União, onde a pessoa fica impossibilitada de vários benefícios como concursos, empréstimos enquanto não quitar a dívida. Estamos estudando a possibilidade de tratar desses casos com a Polícia Federal, já que essa é uma instituição federal. Abandono de animal é crime”, pontuou.

🐈Adoção
Animais abandonados esperam por um novo lar (Foto: Divulgação/Thalita Duarte)


A partir do momento que o animal é abandonado pelo proprietário, ele é encaminhado para a castração e fica disponível para adoção. Marcelo explicou que não há muita burocracia e, caso haja como doar algum valor para ajudar nas despesas do hospital, a contribuição é bem-vinda.


“Não há necessidade, por enquanto, de nenhuma documentação. É só vir conversar com a direção e ter o interesse de resgatar o animal. Se puder dar uma certa contribuição em relação à dívida também é interessante”, finalizou.
Após meses, Mimi finalmente deixou o hospital (Foto: Divulgação/Raquel Lopes)


Embora muitos animais ainda precisem de um lar, algumas histórias já têm um final feliz. Após a campanha, a gatinha Mimi ganhou uma nova família. "Fiquei sabendo da situação da Mimi através da Raquel e fiquei comovida pelo fato da gatinha ser cega, já que tenho outros animais que também são cegos. Adotar a Mimi é um desafio porque um animal cego tem muitas limitações, mas os gatos são muito independentes. Ela está se dando super bem e eu estou muito feliz por dar pra ela uma nova oportunidade", garante Otilina Duailib, técnica em enfermagem que adotou Mimi.



Fonte: g1.globo.com/pi/piaui/