por Dr. Marlos Gonçalves Sousa(*)
Os gatos são animais extremamente dóceis e espertos, mas que causam certa resistência por parte de algumas pessoas devido ao excesso de pelos que eliminam. Em casas que possuem crianças com asma, por exemplo, é recomendável que se evite o contato com o animalzinho, já que os pelos podem ser um dos agentes causadores das crises.
De acordo com o médico-veterinário Dr. Marlos Gonçalves Sousa, como qualquer ser vivo coberto de pelos, é completamente normal que os gatos troquem a pelagem, mas é importante salientar que a queda fisiológica, isto é, aquela que é considerada normal, não deve ser exagerada nem resultar em áreas alopécicas (sem pelos). Também vale destacar que as raças de pelos longos perdem, proporcionalmente, mais pelos que aquelas de pelame curto.
Apesar destes felinos eliminarem muitos pelos, existem diversas formas para reduzir o problema. Saiba quando a queda passa a ser preocupante e veja dicas de como reduzir o problema com alguns cuidados de higiene básicos.
A escovação dos pelos com materiais adequados pode reduzir o problema?
Sem dúvida a escovação diária dos pelos minimizará a queda fisiológica acentuada. Isso se deve ao fato da escovação remover sistematicamente os pelos soltos e aqueles cujas raízes já estão enfraquecidas e que se desprenderiam naturalmente dentro de pouco tempo. Cabe salientar a importância de se empregar escovas apropriadas, que não lesionem a pele do animal, pois isso poderia "abrir portas" para infecções dermatológicas.
Quando a queda de pelos é excessiva, ela pode representar algum problema mais sério?
Sim, a queda excessiva de pelos ou mesmo a existência de áreas sem pelos pode sugerir enfermidades dermatológicas, sistêmicas e até mesmo deficiências nutricionais. Vale destacar que nem todas as doenças de pele provocam coceira, de modo que a constatação de queda intensa dos pelos e/ou áreas alopécicas, mesmo na ausência de coceira, pode estar relacionada a importantes enfermidades que só o médico-veterinário poderá diagnosticar de maneira apropriada.
Quais cuidados o dono deve ter nesse caso?
Se o proprietário notar queda acentuada dos pelos ou áreas já sem pelos, é importante levar o bichinho a um médico-veterinário, que realizará os procedimentos necessários para identificar e tratar a causa desse distúrbio. Doenças fúngicas, parasitárias, bacterianas e alimentação inadequada estão entre as possíveis causas do problema, mas a etiologia exata só poderá ser definida após criterioso exame do animal pelo médico-veterinário.
E em relação ao banho e à higiene, quais cuidados são tomados para que o gato tenha um pelo mais bonito?
Os banhos de rotina devem ser realizados com intervalos não inferiores a uma semana, empregando-se produtos apropriados para a pele felina. Já na primeira consulta com o médico-veterinário, deve-se buscar informações a respeito do produto apropriado, mas, normalmente, não são recomendados xampus e/ou sabonetes convencionais para uso humano. Também é importante escovar periodicamente o pelo do animal, empregando-se escovas de cerdas adequadas, que não lesionem a pele do gato.
Por que os gatos se lambem? Os pelos ingeridos durante essa atividade não podem trazer algum problema gastrointestinal ao bichinho?
Trata-se de uma característica intrínseca à espécie felina, mantida com a evolução da espécie ao longo dos séculos. Quando o gato realiza o "grooming" faz não apenas a limpeza dos pelos, mas também os "coloca no lugar". Contudo, esse comportamento propicia a ingestão de pelos, que, particularmente nas raças de pelos longos, podem se acumular no trato digestório, formando bolas, os chamados pilobezoários, e causando problemas, como vômitos. A maneira mais simples de prevenir sua ocorrência é realizando a escovação sistemática do animal para remover os pelos soltos antes que sejam ingeridos, além de manter as medidas de higiene e limpeza adequadas.
(*)Dr. Marlos Gonçalves Sousa é médico-veterinário com residência em Clínica Médica de Pequenos Animais pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Jaboticabal-SP; mestre e doutor em Clínica Médica Veterinária pela UNESP-Jaboticabal-SP; professor de Clínica Médica de Pequenos Animais junto à Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Tocantins, campus de Araguaína-TO, desde 2006. Autor de mais de 45 artigos científicos em periódicos indexados, 5 capítulos de livro e mais de 140 resumos publicados em congressos nacionais e internacionais.
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