por Raquel Madi(*).
Assim como quaisquer outros animais, os felinos tem tendências a uma série de complicações específicas ao longo de suas vidas, e as doenças de gatos mais comuns somam dez problemas bastante incômodos, que devem ser prevenidos e tratados de maneira adequada para que os bichanos possam ter qualidade de vida.
As funções respiratória e renal são algumas das mais afetadas no que diz respeito às doenças de gatos mais frequentes e, portanto, devem estar sempre no foco das atenções de quem conta com um bichano de estimação em casa. O trato urinário e intestinal dos felinos também são propensos a algumas complicações bastante comuns, e as doenças transmitidas por meio de vírus diversos também fazem parte da lista de problemas que devem contar com atenção especial.
Insuficiência renal crônica, doenças do complexo respiratório e do trato urinário felino, verminoses, retroviroses, micoplasmoses, intoxicações, inflamações intestinais, linfomas alimentares e hepatopatias formam o conjunto das doenças mais comuns em gatos e, com isso em mente, elaboramos um guia simples e prático para que os donos de bichanos entendam um pouco mais sobre essas complicações, tendo condições para identificar os problemas o quanto antes e buscar a solução mais adequada.
Nunca é demais lembrar que, ao perceber qualquer sinal de doença ou mudança brusca de comportamente no seu felino, a visita a um profissional veterinário se faz extremamente importante; já que, somente ele terá condições reais de avaliar e diagnosticar as complicações, assim como indicar o melhor e mais adequado tratamento para elas. Confira, abaixo, a descrição completa da lista de doenças mais comuns em gatos, suas formas de prevenção e tratamento mais frequentes.
Insuficiência Renal Crônica
Causada por fatores que podem incluir inflamações, cistos ou a alteração natural dos rins do felino, a Insuficiência Renal Crônica em gatos aparece de maneira lenta e silenciosa; dificultando que os donos do bichano notem a sua presença e atrasando a definição de um diagnóstico preciso.
Cálculos renais e infecções urinárias são algumas das consequências mais comuns nos bichanos com esse tipo de problema, e o aumento da ingestão de líquidos e do volume urinário estão entre os primeiros e principais sintomas de que possa haver alguma complicação nos rins do felino.
Infelizmente, na maioria dos casos, a insuficiência renal em gatos só começa a manifestar sintomas mais claros quando atinge níveis avançados do desenvolvimento da doença, como vômitos, apatia, diarréia escura, úlceras, desidratação, perda de apetite, enjôos e urina com cor esbranquiçada ou alaranjada.
Mais comum em felinos de idade avançada, o problema pode acometer bichanos de qualquer idade, sendo que, quanto antes a complicação for notada, mais rápido e eficiente será o tratamento e a recuperação do animal.
Sem cura, a doença pode ter seus sinais bastante amenizados por meio do tratamento adequado (que inclui a reposição de líquidos no corpo desidratado do animal), e suas piores consequências também podem ser retardadas – sendo que a prevenção do problema pode ser feita por meio da administração de uma dieta bastante úmida para o felino desde pequeno.
Complexo Respiratório Felino
Rinotraqueíte Viral (também conhecida como Gripe de Gato) e Calicivirose são as principais doenças do complexo respiratório felino e, além de causarem muito incômodo por causa de seus sintomas, podem levar os gatos à morte quando não tratadas da maneira correta. Transmitida pelo Herpesvírus, a doença se propaga por meio do contato direto entre um animal saudável e um infectado, assim como pelo uso comum de objetos que possam conter secreções de um gato contaminado pelo vírus.
Prevenidas por meio da vacinação polivalente Tríplice ou Quádrupla, as doenças respiratórias nos felinos se manifestam de variadas formas, podendo ocasionar depressão, falta de apetite, febre e corrimentos nasais e oculares no bichano. Quanto mais jovem for o felino acomentido pela doença, piores podem ser as suas consequências e sintomas, sendo que a perda da visão e até mesmo o óbito são possibilidades reais quando o problema não é tratado imediatamente.
O tratamento pode incluir desde antibióticos para evitar a contaminação por outras doenças oportunistas até a simples ventilação e limpeza de ambientes em que o gato conviva (além da higienização das partes afetadas no felino, como olhos e nariz). Portanto, ao perceber qualquer sinal da doença, marque uma visita ao veterinário; pois, a rapidez no início do tratamento faz toda a diferença para a qualidade de vida do animal.
Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos
Embora suas causas não sejam sempre definidas, uma série de fatores pode influenciar o aparecimento da Doença do Trato Urinário Inferior dos Felinos (DTUIF), incluindo infecções bacterianas, pedras no trato urinário e até mesmo sedentarismo.
Predisposição genética, idade, estresse e uma alimentação pouco balanceada também podem ser de grande influência para o aparecimento da doença nos gatos, que pode causar sangue na urina, dificuldade em urinar, aumento do volume de urina e a micção em locais atípicos, além do principal sintoma, que é a obstrução uretral.
A reposição dos flúidos perdidos pelo animal é a principal forma de tratamento, e atitudes simples podem ser bastante eficientes na prevenção desse tipo de problema, como fornecer uma dieta balanceada aos gatos (com rações secas e úmidas, além de muita água), e evitar o confinamento e o sedentarismo, mantendo caixas de areia sempre limpas e disponíveis
Verminoses e outras Parasitoses Intestinais
Bastante comum em gatos e cães, as verminoses e parasitoses em bichanos são zoonoses causadas pela penetração de larvas e hospedeiros de vermes e parasitas nos bichanos. Carnes cruas, pulgas e roedores são alguns dos principais agentes transmissores das doenças desse tipo, e devem ser evitados na vida do felino para que ele corra riscos menores de contaminação.
Podendo ser transmitidas, também, por meio da amamentação de uma gata contaminada para a sua cria, as complicações dessa categoria desencadeiam sintomas que incluem desde o aumento do volume abdominal e fezes moles e com a presença de parasitas até vômitos, anemia e a obstrução de órgãos como estômago, intestino e coração – podendo levar o animal a morte quando não tratadas com rapidez.
A vermifugação e as higienizações constantes estão entre as maneiras mais eficientes de prevenção das verminoses e parasitoses, sendo que o tratamento para as doenças desencadeadas por tais agentes inclui, também, a administração de medicamentos antibióticos para os gatos.
Retroviroses
Podendo acometer bichanos de qualquer idade, as Retroviroses felinas tem a FIV – Vírus da Imunodeficiência Felina (também conhecida como a AIDS Felina) e a FeLV – Leucemia Felina como suas principais referências, e podem ser fatais, já que deixam o organismo dos bichanos infectados sem proteção alguma para outras contaminações mais graves.
Perda de peso, apatia e perda de apetite são alguns dos principais sintomas das retroviroses em gatos, facilitando o aparecimento de outras infecções e problemas como diarréia, otites, gengivites, tumores, anemia e até mesmo alterações neurológicas e mudanças bruscas de comportamento.
Evitar deixar o felino em ambientes com aglomeração de gatos e mantê-lo em casa para evitar brigas com bichanos de rua são algumas das formas de prevenir que seu animal seja infectado por estas doenças - transmitidas por meio do contato direto com animais contaminados, incluindo mordidas e lambeduras.
Sem cura, as retroviroses felinas são tratadas para que sejam diminuidos os sintomas das doenças no bichano, permitindo que ele leve uma vida com mais qualidade e por mais tempo.
Micoplasmose
Causada pelos parasitas celulares haemofelis ou haemominutum, a Micoplasmose Felina causa desidratação, dores nas articulações, apatia, perda de peso, aumento de temperatura e mucosas de cor amarelada nos gatos acometidos pela doença, sendo a anemia a sua principal característica.
A pulga é um dos agentes transmissores mais comuns da doença, no entanto, acredita-se que as mordidas de gatos contaminados também possam propagar a complicação. Boa parte dos felinos que desenvolvem os sintomas mais graves da doença têm o sistema imunológico comprometido por doenças como a FIV e a FeLV, e devem ser testados para verificar a presença da Leucemia ou da AIDS Felina.
O tratamento da micoplasmose felina é feito com o uso de antibióticos, e pode ser acompanhado por medicamentos que incluem corticóides e anti-anêmicos, além de medidas de suporte como transfusões de sangue. Em muitos casos, mesmo quando assintomáticos, os gatos ainda são portadores do problema, e o acompanhamento da saúde o bichano com um profissional veterinário é extremamente importante para evitar reincidências da complicação.
Intoxicações
As intoxicações em gatos são, além de comuns, bastante prejudiciais e capazes de levar o pet à morte em questão de horas, quando não tratadas imediatamente. Plantas, rodenticidas (venenos para ratos) e parasiticidas (remédios contra parasitas) são alguns dos fatores principais para a causa de intoxicações em felinos, que acabam entrando em contato com esse tipo de substância de maneira frequente e, muitas vezes, sem o conhecimento de seu proprietário.
Convulsões, hemorragias, tremores, dificuldade para respirar, alteração de consciência e vômitos são alguns dos principais sintomas de um bichano intoxicado e, ao notar qualquer destes sinais, o animal deve ser encaminhado imediatamente para uma clínica veterinária – diminuindo os riscos de morte do pet por meio do pronto atendimento.
A administração de antídotos específicos e a internação do gato para a observação são algumas das medidas de tratamento mais comuns nestes casos, sendo que transfusões de sangue também podem ser recomendadas de acordo com o caso.
Doença Inflamatória Intestinal
Também conhecida pela sigla DII, a doença inflamatória intestinal nos felinos é causada pela entrada de células inflamatórias no trato gastrointestinal dos bichanos, e não há um agente específico conhecido.
Causando sintomas como vômitos crônicos, diarreia com sangue, perda de apetite e de peso, a doença só pode ser diagnosticada com certeza por meio da biópsia do intestino do animal, já que diversos outros problemas também desencadeiam os sinais mais típicos da DII. Comum em gatos idosos, a doença é tratada por meio de dietas balanceadas e medicamentos anti-inflamatórios.
Linfoma alimentar
Tido como uma neoplasia (crescimento celular exagerado) maligna que se mostra cada vez mais comum aos gatos, o Linfoma Alimentar é, também, uma das doenças de diagnóstico mais complicado. Afetando o trato gastrointestinal, a doença tem uma propensão maior a ocorrer em felinos mais velhos e da raça Siamês, podendo prejudicar, ainda, fígado, esôfago e pâncreas.
Tendo diarreias, perda de peso, dificuldade em defecar, fezes com sangue e vômitos entre os seus principais sintomas, o linfoma alimentar é uma das doenças que mais cresceu em incidência no mundo dos felinos ao longo dos últimos anos.
Tratados de acordo com a gravidade do caso, os linfomas podem ser divididos em células grandes e pequenas, sendo que a quimioterapia endovenosa e a administração de medicamentos orais específicos são, respectivamente, as formas mais indicadas de tratamento – podendo proporcionar uma sobrevida de até 2 anos.
Hepatopatias
As Hepatopatias (doenças hepáticas) mais conhecidas no mundo felino são a Lipidose Hepática e o Complexo Colangiohepatite, sendo que cada uma delas conta com características específicas e diferenciadas.
Causada pela falta de alimentação prolongada, a Lipidose Hepática causa vômitos, anorexia, perda de peso e alterações neurológicas nos gatos, podendo desencadear cegueiras, salivação excessiva e até convulsões nos bichanos. Seu diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, radiografias, ultrassonografias e possívelmente biópsias; e seu tratamento tem uma dieta balanceada como base, podendo incluir, ainda, a internação do animal e a administração de vitaminas e medicamentos específicos, em casos extremos são utilizadas sondas esofágicas para alimentação forçada.
Consistindo na inflamação do ducto biliar e do fígado, o Complexo Colangiohepatite pode ser classificada como aguda, crônica ou linfocítica. Anorexia, vômitos, diarréia, desidratação, depressão, febre e dor abdominal fazem parte da lista de possíveis sinais da doença, sendo que a pacreatite e a inflamação intestinal também podem se manifestar junto com ela.
Seu diagnóstico pode ser indicado por meio de exames de sangue e confirmado por meio de uma biópsia hepática. O tratamento varia de acordo com a gravidade do caso, sendo feito com medicamentos antibióticos na grande maioria das vezes; e podendo ser acompanhado, inclusive, por estimuladores de apetite para o bichano.
Tendo conhecimento destas complicações, fica evidente a necessidade de atenção e cuidados dos donos dos bichanos, sendo válido salientar mais uma vez que, no caso de observação de qualquer sintoma no felino, a visita a um médico veterinário se faz primordial.
(*)Raquel Madi é redatora do site cachorrogato.com.br
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