por Thais Rossi (*).
O mês de outubro é conhecido pelo combate ao câncer de mama, o tipo que mais provoca a morte de mulheres no Brasil. O movimento popular internacional “Outubro Rosa” estimula a participação da população, empresas e entidades. Mas você sabia que a doença também atinge cadelas e gatas? De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, ele atinge cerca de 30% das gatas e 45% das cadelas.
A especialista em oncologia animal Roberta Valentin explica que a maioria dos casos está relacionado aos hormônios, mas há outros fatores, como poluição e alimentação. A genética influencia, mas a maioria dos casos acontece porque o animal não é castrado. “A castração antes do primeiro cio pode reduzir em 99% a chance de o animal desenvolver o câncer”.
Segundo Roberta a doença é mais agressiva em gatos que em cachorros. “Nos gatos a metástase (quando o câncer de espalha) é mais rápida. Alguns tipos são mais agressivos em uns do que em outros, sem afirmação de porquê. É genética. As pessoas demoram muito a procurar um veterinário. Mas tudo varia. As vezes o animal pode morrer de doenças por consequências do câncer”.
E se engana quem pensa que o câncer de mama só aparece em fêmeas. Segundo a especialista, apesar de raro, ele também se desenvolve nos machos de forma muito mais agressiva, tanto em gatos quanto em cachorros. “São estudos. É bem mais agressivo. Precisa de quimioterapia e todos os exames porque vai dar metástase”.
Roberta explicou que nos pacientes dela, o câncer de mama acima dos 8 anos (pequeno e médio porte), entre 6 e 7 anos (grande porte), sem raça definida, e que não são castrados. O câncer vem sem alteração e só aparece em fase mais agressiva, com sintomas que dependem. Se aparecer em uma mama sem ir para outro órgão ele pode ter dor ou febre. Se for metástase, pode vomitar, ter febre e falta de apetite.
“Tem que fazer anamnese (apalpar) o animal na consulta, mas as vezes passa despercebido. Se não quer cruzar, castre. Quando chega um animal com câncer de mama faço exame de sangue. Podemos fazer citologia e você vai receber o laudo com algumas sugestões. E com isso, dependendo da tomografia, saber onde está infiltrado”.
A fonte do câncer é a glicose. Por isso, uma alimentação que priorize o natural por ser de grande ajuda. “A castração antes do primeiro cio reduz em 99% as chances de câncer mas sempre tem 1%: genética, fatores ambientais, obesidade. Tem que ver como um todo e como o animal é criado”.
Tipo mais comum
Segundo a especialista em oncologia de pequenos animais, Alice Corrêa, o câncer de mama é o tipo mais comum nos consultórios veterinários. Ele é observado em todas as raças, mas aparece principalmente nos poodles. “Geralmente eles tem aumento de volume em algumas das mamas (ou mais de uma). Pode estar avermelhado, irregular e quente. Geralmente quando malignos crescem rápido, mas não apresentam nada no início. As vezes só o veterinário consegue detectar com a técnica muito especifica. Mas o tamanho não influencia. Às vezes é pequeno e muito maligno ou grande sem ser muito agressivo”.
Explicou ainda que de imediato é indicado a retirada do nódulo, mas o tipo de cirurgia depende. Menores que 2 ou 3 centímetro precisam de cirurgia para retirar a mama inteira e o Linfonodo Sentinela (que está drenando essa região). “Geralmente a célula tumoral solta e para nele. Então se mandar pra análise e identificar metástase o tratamento é muito mais eficiente. É importante para decisão da terapia e dizer para o proprietário o prognóstico de vida. Depende muito do tipo de tumor primário, sem tem metátese pra linfonodo é preciso estadiar o animal (processo para determinar a extensão do câncer), fazer raio-x de tórax, ultrassom abdominal e exames de sangue gerais”.
Esclareceu ainda que a castração do animal antes do segundo cio previne o câncer de mama em 75%. “Após isso já teve uma exposição hormonal das mamas no cio e já não conseguimos prevenir, mesmo se castrar mais pra frente. É importante frisar que existe o fator genética. Muitas vezes o dono oferece uma ração de qualidade, mantem as vacinas em dia, mas se o animal tiver predisposição genética, vai ter. Ninguém pode se sentir culpado”.
A microempresária Régia Brilhante levou um susto há cerca de dois meses, quando de maneira informal foi alertada sobre um caroço do tamanho de um feijão na mama da Pretinha, uma Yorkshire de sete anos. “Eu descobri porque ia viajar e precisava de um atestado para entrar com ela no avião. Um veterinário que estava na minha casa percebeu o caroço na mama. Levei ela em uma clínica, que recomendou operação e depois procurei outra especialista, que deu o mesmo o diagnóstico”.
Ela ouviu da especialista que câncer não tem tamanho. E fez um alerta para outros donos de animais, já que a Pretinha não apresentou sintomas. “É um mal silencioso. Quando apresenta sintomas já está bem adiantado. Ela operou e está perfeita, com a musculatura limpa e sem possibilidade de metástase. Faremos quatro seções de quimioterapia por prevenção. Estamos na segunda. Ela fica internada de um dia para o outro, o pelo não caiu e está reagindo vem. Serão três anos de tratamento. Eu diria para apalpar o animal de barriga para cima e observar com muita atenção. Porque eu não fiz isso”, disse Régia.
(*) Thais Rossi escreve para eshoje.com.br
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