por Carlos Gandra(*).
Em 1947, uma senhora deficiente visual chamada Carolyn Swanson, foi destacada na revista LIFE com o seu animal de estimação muito especial: um gato chamado Bebê que a levava com segurança para todos os lugares onde ela precisava de ir. É o primeiro gato guia de que há registo no mundo
O felino ajudava a dona a sair de casa, atravessar ruas e fazer a sua vida normal, tarefas bastante invulgares num gato e onde os cães são claramente os maiores especialistas. Mais em baixo deixamos algumas fotos da senhora Carolyn e o seu gato Bebé.
Gatos podem ser guias de deficientes visuais?
A forma como os gatos vêem o mundo é bastante diferente da nossa. Os olhos dos gatos estão mais adaptados para ver na escuridão, onde são melhores do que nós, mas a visão diurna é claramente inferior – uma espécie de versão desfocada e algo descolorida daquilo que nós vemos.
O alcance é também diferente: nós conseguimos distinguir objetos até cerca de 180 metros à nossa frente, enquanto que a visão do gato não supera os 60 metros.
Além disso, enquanto que os cães têm uma história evolutiva mais próxima dos seres humanos e foram treinados para executar tarefas específicas em nosso benefício, a história da domesticação dos gatos é bastante diferente, não sendo aliás animais propensos a ser treinados ou seguir ordens.
Portanto, a resposta à pergunta terá de ser: (geralmente) não.
Contudo e em situações esporádicas, os gatos parecem desempenhar com relativo sucesso a função de guia.
Existiram mais gatos guias?
Para além desta história da senhora Carolyn e o seu Bebé, têm aparecido ocasionalmente histórias semelhantes.
Robert Sollars, um consultor de seguros do Arizona, ficou cego em 2003 devido a retinopatia diabética e o seu gato, chamado Admiral K’reme, tornou-se imediatamente seu ajudante nas tarefas do dia a dia
O gato guiava o dono pela casa, antecipando os seus movimentos e miando pelo caminho que Robert queria seguir. Robert chegou a contar ao HALO Pets que o gato estava inclusive atento ás suas idas ao WC durante a noite e não parava de miar enquanto ele não encontrasse o caminho de regresso ao quarto.
Existem também pelo menos duas histórias de gatos guias, não de humanos mas de cães invisuais. Em 2008 surgiu uma história, relatada no Animal Intelligence, sobre uma gata chamada Libby que guiava a sua amiga canina, chamada Cashew, evitando que fosse contra obstáculos e acompanhando-a até ao prato da comida. Só se separavam quando a Cashew ia passear à rua com os donos.
Há o caso do cão Terfel que perdeu a visão devido a cataratas, cuja vida mudou quando a sua dona adotou uma gatinha abandonada a que deu o nome de Pwditat. A pequena felina incentivou o amigo canino a sair de casa e começou a acompanhá-lo de perto das saídas para o jardim.
“Nunca tinha visto nada assim – a maioria dos gatos e dos cães odeiam-se. Mas a Pwditat parecia saber imediatamente que o Terfel é cego. Ela usa as patas para o guiar. Estão muito ligados um ao outro e agora até dormem juntos.” relatou na altura a dona dos dois animais, Judy Godfrey-Brown.
Voltando a 1947, aqui ficam algumas fotos da senhora Carolyn e o seu pequeno felino.
(*)Carlos Gandra é articulista do mundodosanimais.pt
FOTOGRAFIA: LORAN SMITH, © TIME INC
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